ATENDIMENTO EDUCACIONAL INDIVIDUALIZADO: POSSIVEIS INTERVENÇÕS PSICOPEDAGÓGICAS NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM.

Auteurs-es

  • Bianca Ligabue Da Fonseca Costa Beber

Résumé

A psicopedagogia é uma área de atuação que tem se apresentado como múltiplas facetas, tanto no que se refere a pratica clínica quanto a institucional estando na confluência entre a psicologia e a pedagogia. A psicopedagogia tem procurado sua identidade própria enquanto área diferenciada de conhecimento, linha de pesquisa em educação, em psicologia, e atividade terapêutica ou preventiva.

O que a psicopedagogia oferece aos profissionais que se interessam por aprendizagem é a possibilidade de analisar o processo de aprendizagem do ponto de vista do sujeito que aprende e da instituição que ensina. A psicopedagogia é uma área de estudo diretamente relacionada a aprendizagem escolar no que tange o seu decurso normal ou com dificuldades. A mesma surgiu a partir da inquietação e insatisfação dos profissionais que tratavam das dificuldades de aprendizagem. É importante ressaltar que o que estava em evidencia era o tratamento das dificuldades, pouca preocupação havia sobre sua origem levando em conta a história do aprendiz.

Saber como o aluno aprende e constrói seu conhecimento, bem como compreender as dimensões das relações com a escola, pode contribuir para o esclarecimento dos processos da aprendizagem e informar sobre como superar dificuldades quanto ao rendimento escolar.    

O interesse pelo estudo mais aprofundado e a realização deste trabalho surgiu a partir da percepção das dificuldades dos alunos na prática docente, da necessidade de entender de que forma o aluno aprende e constrói seu conhecimento compreendendo com mais clareza conceitos tão necessários para atendermos de forma justa todos os alunos que chegam até nós, e assim propor atividades mais eficazes para sanar essas dificuldades.

A construção de conhecimentos não pode se limitar a contribuições isoladas de qualquer área que seja, mas sim da inter-relação entre elas em função de um objetivo maior. Esta relação pode configurar-se como problemática em razão de aspectos pedagógicos e/ou psicológicos. A psicopedagogia como uma área de conhecimento, geradora de uma pratica interdisciplinar não pode ignorar as contribuições das várias áreas do conhecimento, inclusive aquele associado a aspectos afetivos e/ou cognitivos.

Pra Piaget (1920)

¨as diferenças entre o pensamento da criança pequena e do adulto e sugerira tratamentos diferentes para pensamentos de qualidades diferentes. Conhecer as características do pensamento da criança pode auxiliar o profissional a planejar uma intervenção que pretenda desenvolver o pensamento e o raciocínio. ¨

Este autor apresenta um método de investigação do pensamento infantil, ressaltando a importância de se investigarem as crenças das crianças e sua resistência a interferência do adulto, o que pode ser interessante quando se pensa na escola como exercendo uma influência sobre o desenvolvimento e a aprendizagem da criança. Enfatizara, ainda, a necessidade de se estudar o pensamento da criança pequena, para pesquisar suas características próprias, opondo-se a visão de qual a criança comparada ao adulto apresentaria “deficiências” de pensamento.

Assim, uma intervenção poderá se diferenciar em virtude das características de cada criança, no que diz respeito aí seu pensamento e também no que se refere aos outros aspectos de seu desenvolvimento.

A palavra intervenção é bastante utilizada por professores e psicopedagogos para referir-se a diversas atividades realizadas dentro e fora da escola. Mas que significa intervir? O dicionário nos informa que um significado para intervenção é “mediação” e, para o verbo intervir, “colocar-se no meio”. Pensando sobre estes significados, podemos lembra de várias formas de mediação às quais as crianças está submetida, ou seja, várias pessoas e instituições que se “colocam no meio”, entre a criança o mundo físico e social, desde o início de sua vida. A família mais precisamente, os pais ou adultos são primeiros mediadores, aqueles que apresentam o mundo à criança, os que ensinam os primeiros hábitos, valores, leis e regras. Interpõem-se sobre a criança e o mundo lá fora, fazendo um recorte, filtrando as informações, propiciando a construção de uma nova personalidade, a qual sofrerá talvez para sempre a interferência das figuras paternas, reais e imaginárias. Sem dúvida, a família intervém e a qualidade dessa mediação dependerá da organização da própria família. É ela a fonte das primeiras aprendizagens da criança e também o motor dos primeiros desenvolvimentos.

O objetivo do atendimento educacional individualizado aqui discorrido é compreender que o aluno não apresenta distúrbios neurobiológicos, isso quer dizer que os problemas apresentados têm caráter provisório e suas causas podem ser localizadas em diferentes dimensões no processo de aprendizagem.

A metodologia utilizada parte de uma anamnese realizada no primeiro momento do atendimento juntamente com atividades de sondagem, nem sempre esta avaliação é acessível para todos. Entretanto, cabe ao profissional psicopedagogo compreender pedagogicamente suas dificuldades e desenvolver estratégias para favorecer seu processo de aprendizagem.

As estratégias de maior relevância deste trabalho são desenvolvidas com jogos didáticos, com a finalidade de despertar o interesse da criança e o intuito de fixar a aprendizagem e reforçar o desenvolvimento de atitudes e habilidades.

Para Irene de Albuquerque (1954), o jogo didático “serve para fixação ou treino da aprendizagem. É uma variedade de exercício que apresenta motivação em si mesma, pelo seu objetivo lúdico. Ao fim do jogo, a criança deve ter treinado alguma noção, tendo melhorado sua aprendizagem” (p. 33).

Ao aluno deve ser dado o direito de aprender. Não um “aprender” mecânico, repetitivo, de fazer sem saber o que faz e porque faz. Muito menos um “aprender” que se esvazia em brincadeiras. Mas um aprender significativo, do qual o aluno participe raciocinando, compreendendo, reelaborando o saber historicamente produzido e superando, assim, sua visão ingênua, fragmentada e parcial da realidade.

Em síntese, para favorecer a aprendizagem de alunos com dificuldade, é importante avaliar, contextualizar, diversificar. Por ser um processo singular onde cada aluno tem sua forma de aprender, é importante o profissional conhecer o aluno, identificar como ele pensa para poder refletir sobre as modificações necessárias no processo para favorecer seu desenvolvimento valorizando o que ele sabe fazer para que se sinta encorajado a enfrentar os desafios.

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Publié-e

2017-10-02

Numéro

Rubrique

Relatório Técnico-científico