RELAÇÕES ENTRE CURRÍCULO E PODER: POR UM ENSINO DE TODOS E PARA TODOS

Autores

  • Gabriele Panke Scheleski
  • Raquel Weyh Dattein
  • Maria Cristina Pansera de Araújo

Palavras-chave:

Educação. Identidade. Currículo Integrado.

Resumo

Intentamos fazer uma reflexão a partir das concepções de currículo apresentadas por Tomaz Tadeu da Silva, em seu livro Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Segundo Silva (2005), o conceito currículo tem sua origem nos Estados Unidos, no período Industrial, a partir do ensinar da leitura e escrita. O currículo tradicional objetivava qualificar a mão de obra com caráter reprodutivista, sem instigar a reflexão ou outros movimentos de aprendizagem. As teorias tradicionais de currículo têm a pretensão de ser neutras, científicas e desinteressadas, porém, bem estruturadas e alicerçadas. As teorias críticas e as pós-críticas, em contraponto, defendem ausência de neutralidade e desinteresse, pois estão imbricadas em relações de poder, cada vez mais, perceptíveis na sociedade. Silva provoca a pensar sobre que conhecimentos, teorias e conceitos; nós professores fundamentamos o ensino aos alunos, e como decidimos quais são mais ou menos importantes. Será que temos algum conhecimento sobre as teorias do currículo?. Entendemos que currículo é um processo de construção conjunta, a partir da identidade dos sujeitos inseridos no sistema educacional, cada um com seus conhecimentos e saberes. Silva (2005) alerta para o cuidado com as teorias do currículo, bem como com sua construção, já que tais ações se constituem permeadas de relações de poder. O autor ainda enfatiza que para a constituição de um currículo com a identidade do grupo de sujeitos, os questionamentos devem seguir em torno de: “o que eles ou elas devem saber? Qual conhecimento ou saber é considerado importante, válido, essencial para incluir no currículo?” (SILVA, 2005, p. 14-5). Nesse sentido, o papel da escola é produzir conhecimento e não os reproduzir, conforme pressupõe o currículo tradicional vinculado ao modo capitalista de pensar. No momento em que nos colocamos como sujeitos reflexivos e ativos no contexto curricular, somos capazes de dar outros sentidos aos significados impostos pelos detentores do poder, nos tornando mais autônomos ao mesmo tempo que mais coletivos. Como educadores, temos a responsabilidade de sermos produtores e mediadores de currículos, que dialoguem com os mais diversos cidadãos e conhecimentos envolvidos, neste contexto, numa aposta que ultrapasse as fronteiras das disciplinas escolares e rompa as raízes de poder instauradas.

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Publicado

2019-07-21