DA NECESSIDADE DO DEBATE SOBRE O LUGAR E O SENTIDO DA UNIVERSIDADE NO MUNDO ATUAL
Palavras-chave:
Universidade. Educação. Conhecimento.Resumo
Este trabalho é fruto de reflexões realizadas por meio de pesquisa bibliográfica e tem por objetivo discutir o lugar e o sentido da universidade no mundo atual. Sabe-se que a universidade é um local no qual se produz conhecimento. Esta é a função que foi socialmente construída e afirmada por mais de dois séculos no que podemos pensar por modernidade. A ciência, nesse viés, sendo uma espécie de Deus, é inquestionável e tudo pode. Porém, não é aceitável a concepção de que os cientistas sejam cânones, entidades superiores às quais se deva inteira adoração. Na verdade, são pessoas que (supostamente) trabalham a serviço da sociedade, pelo bem comum, analisando problemáticas e propondo debates e soluções junto à comunidade humana. Porém, a universidade que se produziu no paradigma moderno está em crise, devido as suas tendências industriais, excludentes e de uma educação que atende aos padrões da globalização neoliberal. Neste meio, os sujeitos modernos se assujeitam aos modos de produção capitalista, pois é mais cômodo, poupando-os da condição/responsabilidade de serem sujeitos de sua própria história. Desponta a necessidade de uma educação reconstruída a partir da releitura dela mesma, tendo em vista as experiências do passado, as oportunidades do presente e o futuro que queremos. Neste ínterim, percebe-se a importância do desconforto gerado pela tomada de consciência das questões da universidade, o que também diz respeito à educação e à ciência. Novas demandas são criadas diariamente e os sentidos e funções da universidade devem ser revistos e revisitados a fim de trazer à baila questionamentos pertinentes ao período em que se vive. Quem está “do lado de dentro dos muros” da universidade tem o dever de, primeiramente, derrubá-los, e, também, buscar soluções para velhos problemas, duvidar daquilo que está posto, convidar a comunidade a participar do diálogo. Por outro lado, dizer que vivemos na era da informação pode muitas vezes trazer a ideia de que a disseminação dos saberes transita democraticamente pelos grupos sociais. Sabe-se que a acessibilidade do conhecimento não é disponibilizada a todos, e em diversos momentos isso é intencional. Conhecimento é poder, no sentido de que abre possibilidades, e não como produção de dominação. Paulo Freire, em sua obra Pedagogia do Oprimido (1987), aborda o medo da liberdade, do perigo da conscientização, mostrando que muitos consideram o conhecimento um gatilho para a desordem social. Porém, é de se pensar que se, na história brasileira o povo tivesse acesso ao saber e à participação nos diálogos, a crise moral e política que se instaura hoje não seria tão grave. Sendo assim, pode-se dizer com bastante clareza que, sendo o conhecimento uma relação social argumentativa, seu acesso deve estar disponível a todos. Isso pressupõe que se coloque em questão que tipo de universidade queremos para o futuro e o que estamos fazendo para a realização deste projeto.