DISCUTIR GÊNERO E DIVERSIDADE SEXUAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA: RESPONSABILIDADE DE QUEM?

Autores

  • Clarinês Hames
  • Adriana Toso Kemp

Palavras-chave:

Educação. Sexualidade. Gênero. Currículo Integrado.

Resumo

Esse trabalho tem o objetivo de refletir sobre questões de sexualidade e diversidade de gênero a partir de interações realizadas na formação inicial de professores de Ciências/Biologia, em aulas de Prática de Ensino de Biologia II, no segundo semestre do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal Farroupilha, Campus Santo Augusto. A ementa da referida disciplina propõe uma discussão sobre a sexualidade no âmbito escolar, levando-se em conta aspectos biológicos, emocionais e psicológicos. As ações aconteceram em três momentos distintos: aulas (com leituras diversas e projeção de documentários), interações nas escolas (estabelecendo diálogos com professores) e elaboração de um artigo. Ao final da disciplina, os acadêmicos foram convidados a responder à questão: “no seu entendimento, a área de Biologia/Ciências tem responsabilidade na discussão das questões de gênero e sexualidade? Justifique.” Os dados produzidos foram organizados e analisados com base na metodologia da Análise Textual Discursiva. Compreendemos que as discussões sobre gênero e diversidade sexual são de responsabilidade da área de Ciências/Biologia. Todavia, as demais áreas/disciplinas escolares também têm responsabilidade na discussão dessas temáticas, pois essas questões vão além do aspecto biológico, uma vez que se inscrevem na cultura e são produtoras de subjetividades. Percebeu-se, ao analisar as respostas dos acadêmicos, que suas concepções ainda estão fortemente ancoradas no enfoque da anatomia e da fisiologia de sistemas, doenças e prevenção. A dimensão afetiva e prazerosa da sexualidade praticamente não é mencionada. Assim, fica claro que para abordar adequadamente essas temáticas no processo formativo escolar os professores precisam ter conhecimento teórico-conceitual. Entretanto, é imprescindível, também, que estejam suficientemente sensibilizados para desenvolver um trabalho formativo, não meramente informativo. Nesse sentido, é imprescindível que a trajetória de formação dos sujeitos professores seja atravessada pela compreensão teórica e político-cultural da multiplicidade da sexualidade, dos gêneros e dos corpos. Faz-se necessário, portanto, nos cursos de formação de professores um rigoroso trabalho de aprofundamento teórico-conceitual e metodológico sobre o tema gênero e diversidade sexual, uma vez que somente pelo estudo é possível que os futuros professores se apropriem da fundamentação científica necessária à adequada abordagem do tema, sem negligenciar a igualmente importante sensibilização desses sujeitos para desenvolver o debate, sob pena de desconsiderar as dimensões afetiva e cultural da sexualidade.

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Publicado

2019-07-25